PROJEÇÃO
- Gillian Site
- 1 de set. de 2023
- 3 min de leitura
Projeção - Mecanismo de defesa do Ego
Os mecanismos de defesa são operações mentais que tem a finalidade de reduzir as tensões psíquicas internas. É uma adaptação que o ego faz em relação à realidade, para torná-la mais aceitável. Nosso ego cria estratégias para evitar o contato com aspectos da personalidade que são reprovados pelo superego e por isso podem gerar ansiedade.
A PROJEÇÃO é um dos mecanismos de defesa mais comuns. É um mecanismo de defesa primitivo que foi aprendido na nossa infância. O sujeito expulsa de si e localiza no outro ou em alguma coisa, as qualidades, desejos, sentimentos que ele desconhece ou recusa ter em si mesmo.
A projeção pode surgir, por exemplo, quando o marido trai a esposa e cobra dela que quer ver o celular, pois afirma que ela o está traindo. Isso ocorre para ele se sentir melhor dentro da sua angústia de traição e tentar achar esse mesmo ato nela. Porque se ela estiver traindo, isso vai aliviar a sua angústia e ela vai se igualar a ele.
Nesse mecanismo de defesa, o sujeito percebe um pensamento desagradável, sentimento ou qualidade como pertencentes a outra pessoa, ao invés de pertencer a si mesmo. Consequentemente, retira de si a sua carga emocional.
Projeção e negação andam de mãos dadas, as pessoas negam algumas questões dentro de si mesmas, sentem dificuldade de assumir seus defeitos, então lançam isso sobre outras pessoas. Esse mecanismo nos ajuda a perceber que muito do que enxergamos lá fora é um reflexo nosso, por isso quanto mais eu me conhecer, mais fácil se torna identificar o que é meu e o que é do outro.
De um modo positivo, a empatia é a filha da projeção. Jung fazia uma distinção entre projeção ativa e passiva. Em linhas gerais, a projeção ativa, seria o que chamamos de empatia, “sentir com o outro” ou “sentir como o outro” o que poderia chegar a identificação. Por outro lado, a projeção passiva seria o que compreendemos normalmente como a projeção, é um fenômeno inconsciente que nos possui.
Um outro exemplo de projeção, é visto quando os pais projetam sobre seus filhos suas expectativas e até mesmo suas frustrações. Quantas vezes um pai quis estudar ou conquistar algo em sua vida e não conseguiu. Então agora, colocando uma capa de proteção, ele diz para o filho o que deve fazer, ou a maneira como deve fazer. Acaba projetando no filho as suas falhas, expectativas, desejos que não foram alcançados e os sonhos que ficaram no meio do caminho. Esse mecanismo pode nos proteger, quando conseguimos projetar algo de positivo sobre alguém.
Criticamos atos dos outros que também são praticados por nós e atribuímos defeitos aos outros que são nossos e não suportamos. Podemos sentir raiva e responsabilizamos a outra pessoa, por isso devemos ficar atentos quando temos sentimentos intensos por alguém. Devemos observar quando algo no outro nos irrita e causa um mal-estar muito grande, seja um sentimento de amor, de raiva ou de ódio. Quando não identificamos nossos monstros psíquicos, alguém ao nosso redor vai receber a nossa projeção.
Segundo Freud, a projeção é um mecanismo de defesa psicológico em que determinada pessoa "projeta" seus próprios pensamentos, motivações, desejos e sentimentos indesejáveis numa ou mais pessoas.
A projeção se trata de um mecanismo de defesa psíquico para que possamos nos proteger daquilo que a gente não pode lidar. Com isso, podemos montar, de forma involuntária, estratégias que nos desviam daquilo que a gente não pode pensar ou trabalhar agora. Assim, podemos aliviar a ansiedade, os sentimentos de culpa dolorosos que surgem nesse conflito.
A projeção se revela como uma válvula de escape, transmitindo ao outro, tudo aquilo que portamos em nosso interior. É uma forma imediata de cessar um incômodo, fazendo com que a responsabilidade por essa instância seja remanejada.
Nas paixões esse mecanismo de defesa aparece bastante, pois projetamos o que gostaríamos que o outro fosse. Não é fácil reconhecer o que o outro realmente é, somente ao cessar a projeção. Muitas vezes projetamos amor onde não tem, não vemos a pessoa como ela realmente é, mas aquilo que desejamos ver. Ao perceber o outro como realmente ele é, observamos a diferença do que foi idealizado e projetado. Nossa mente pode nos pregar peças e se nós não tivermos o autoconhecimento necessário, andaremos perigosamente na linha da idealização. A carência é nossa pior inimiga. Ela cria projeções sobre o outro que não correspondem à realidade.
Gillian Rabelo – psicanalista
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