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Segundo a psicanálise, quais as razões para a dependência química e alcoolismo?

  • Foto do escritor: Gillian Site
    Gillian Site
  • 25 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualmente as drogas viraram um grande problema social. Desde a antiguidade, as pessoas a usavam por diversas razões. Segundo Freud, todos precisamos de algum escape, mas o problema é quando o escape nos domina. A questão a se pensar é entender o motivo que alguns viciam e outros não.

     A droga acaba fazendo o sujeito esquecer quem ele é, faz o sujeito sumir. A psicanálise traz o sujeito de volta e facilita a este sujeito radicalmente desaparecido a considerar que há uma história a ser contada, uma elaboração a ser construída e por fim conseguir assumir a sua responsabilidade.

     Para a psicanálise, os adictos não conseguiram lidar com a falta do grande Outro (da mãe). Alguma coisa interna não concluiu direito esse processo. A droga acaba tamponando essa falta.  Entretanto somos sujeitos feitos de faltas e são essas faltas que geram os nossos desejos. Se negarmos a falta, dificilmente teremos desejos.

     Sob efeito da droga, não há falta, o gozo é total. Se não há falta, pensamento ou fala, o sujeito desaparece. O sujeito se droga porque não consegue lidar com a falta, não dá conta de simbolizar o sofrimento. Vai para onde não há falta, ou seja, a droga. Precisamos lidar com a falta, com frustrações, pois onde há falta, há vida.  Cada toxicômano é um indivíduo e cada um se vicia por razões e caminhos singulares.

     O analista vai olhar para essa forma de vida em colapso e  introduzir um espaço que costuma estar suprimido, que é o espaço da palavra. Esse espaço que no momento está sendo   aliviado pelo prazer da droga, álcool, comida, academia,.... O espaço da palavra vai aumentando a representação simbólica, fazendo com que a droga deixe de ser o objeto que vai tamponando todas as modalidades de falta para aquele sujeito tanto a nível da frustração, dos limites e da castração. É tratar o real pelo simbólico, começar o reforço e a assimilação de novos laços sociais, recuperar os seus sonhos, com seus desejos que em geral estão seriamente abalados pelo uso prolongado da droga. Se trata de recuperar o desejo. Os tratamentos bem sucedidos da drogadição dependem da força da transferência, um momento de abertura para um signo de amor, onde a gente transfere a perda de afeto que tivemos com o pai ou a mãe ou com as pessoas que simbolizam eles e a gente recaptura esses afetos no outro. Seria o que chamamos de a força do amor. A força na transferência que move o outro.

      Para abordar o conceito de toxicomania, a partir da psicanálise, é imprescindível explicitar como o sujeito se relaciona com o Outro para então compreendermos a posição do sujeito toxicômano em relação a este Outro.  Para a psicanálise, é mais importante a relação que o sujeito estabelece com a droga do que conceituar a toxicomania em si. Podemos encontrar o uso de drogas na neurose, psicose ou perversão.

     Para a psicanálise, a droga  tem importância, mas a ênfase fica do lado do sujeito. E é algo impossível de ser generalizado. A relação de diferentes sujeitos com uma mesma droga é inteiramente diversa. A bebida alcoólica pode ser prazerosa para uma pessoa e mortífera para outra. Os casos devem ser avaliados um a um, mas o acento é sobre o sujeito. O uso de drogas é um modo de gozo. A psicanálise lida com a incompletude inerente a todo ser humano, somos seres “faltantes” de alguma coisa. Pensar em sujeito para a psicanálise, implica mencionar o sujeito do desejo.

     Segundo Lacan, trata-se de uma saída oral como efeito de um traumatismo psíquico, onde o sujeito tende a reconstruir a harmonia perdida e esta busca aponta à assimilação perfeita da totalidade do ser. Enfatiza a resposta do sujeito frente à experiência de separação, a divisão que o desmame inscreve na existência.  Lacan propõe a noção do sujeito como tal, que põe em tensão com os estados de conhecimento e tendem a recuperar a unidade do sujeito, perante a constatação do abismo da divisão. Sobre a toxicomania, cabe concluir que a intoxicação em todas as suas formas é uma resposta não sintomática que tenta anular a divisão do sujeito. Lacan reforça que “Por nossa posição de sujeito, sempre somos responsáveis: mesmo com a genética, mesmo com a cultura, mesmo com os poderes sobrenaturais, o sujeito é responsável!”

     É importante diferenciar a posição subjetiva de quem usa uma droga para fazer uma experiência, ou inversamente, para escapar do mundo concreto. O uso de drogas a serviço do prazer deve distinguir-se do consumo repetitivo e mortífero por fora do Outro. Por outro lado e, saindo das generalidades, a clínica psicanalítica verifica a existência de diversos usos da droga de acordo com cada caso e permite iluminar que função a droga cumpre, mais além da moral, e do direito, em uma estrutura subjetiva.

     A psicanálise pode dar uma resposta terapêutica e útil aos dependentes químicos que não se encaixem à religiosidade e ao corporativismo dos grupos de mútua ajuda, ao protocolo disciplinador cognitivo-comportamental ou ao controle farmacológico de seus impulsos. Isto sem considerar que a Psicanálise pode muito bem se aplicar a um sujeito que, por uma razão ou outra, submeta-se a qualquer um destes outros projetos terapêuticos e, mesmo assim, deseje saber algo da sua subjetividade e do sujeito da enunciação. Desta forma, é possível afirmar que a psicanálise pode ser reconhecida como uma estratégia válida para a abordagem dos dependentes químicos.

 

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